O Ceará pode desenvolver no futuro outra vocação: a produção de cacau. Isso porque o que é colhido no Tabuleiro de Russas supera em dez vezes o montante gerado por hectare na Bahia. O projeto promissor não é recente: tem dez anos de implantação.
“Estamos produzindo cacau em quatro hectares. Selecionamos alguns clones mais produtivos e iniciamos os trabalhos. A qualidade da amêndoa é uma das melhores”, destaca o engenheiro agrônomo Diógenes Abrantes, responsável por acompanhar o processo na fazenda Frutacor, de propriedade privada. Vale lembrar que a Bahia é o maior produtor em volume no País, seguido de Pará e Roraima.
Ele afirma que o entrave de Ilhéus, município baiano com maior região de plantio, é a falta de água e o terreno irregular. “Nós utilizamos um sistema de irrigação. Em Ilhéus, eles (produtores) não adotam essa tecnologia. A área de plantio é embaixo da Mata Atlântica, além de o terreno ser bem irregular. É difícil alcançar produtividade por hectare”, aponta. Outro fator é um fungo que ataca os cacaueiros, que dá origem à doença vassoura-de-bruxa.
Resultado: enquanto em Ilhéus o montante do cacau por hectare atinge 352 quilos, no Tabuleiro de Russas, o valor sobe para 3.000 quilos. “A produtividade pode ser ainda maior. Vamos testar em outras áreas”, adianta o engenheiro.
Na parte técnica, Diógenes explica a existência de dois trabalhos acadêmicos que apontaram o cacau cearense apresentando um maior nível de doçura que a Bahia. “Isso se deve por conta do maior nível de sol que a planta recebe. Essa característica redunda em doçura do fruto” avalia.
Parte da produção da fazenda Frutacor já é comercializada no Ceará. A Sucré Patisserie, da empresária Lia Quinderé, compra 100 quilos de cacau por mês. No entanto, a expectativa é aumentar a quantidade. “Começamos com 100 quilos. Não temos como prever. Mas uso uma média de 1.000 quilos de chocolate por mês (para produção). Quanto maior a produção de cacau, maior o volume de compras. Mas isso ocorrerá de forma mais lenta”, finaliza a empresária. Do: Átila Varela atila@focus.jor.br